Ao berçário chegamos ainda com poucos meses, mas a vontade de explorar e olhar sobre o mundo que nos rodeia já está em nós inscrita. O querer encarar sorrisos, aninhar no colo, escutar o outro, aprender a estar com aqueles que nos recebem de braços abertos, é já grande! É neste regaço que, garantida a segurança e secas algumas lágrimas, somos capazes de fazer as primeiras conquistas, ultrapassar obstáculos e, acima de tudo, criar relações felizes. Temos direito a participar, a comunicar aos outros as nossas novidades – ainda que nem sempre o veículo essencial seja a linguagem oral – e a ter protagonismo no processo de aprendizagem.
“As relações que se estabelecem com um bebé assumem-se como uma verdadeira relação educativa, que vai muito além de uma mera relação de “tomar conta”. Práticas de qualidade enfatizam o respeito pela criança e focalizam-se na promoção da sua implicação e de bem-estar, procurando assegurar a independência na movimentação, exploração e resolução de problemas.” (CNE, 2010, p.50). É assim, que a criança começa a construir a sua identidade exploradora, num meio onde os adultos a apoiam e encorajam através de olhares, conversas e gestos.
No Movimento de Escola Moderna, partindo do pressuposto inicial de que a criança é portadora de saberes e experiências, o berçário é considerado um espaço de culturas, uma vez que acreditamos que a experiência de cada um, ajuda a construir o conhecimento daqueles que o rodeiam para que juntos seja possível construir noções mais amplas do mundo em redor. Pretende-se, assim, estabelecer um processo de humanização cultural e social autêntico, que tem como condições essenciais a criação de um clima de livre expressão, no qual a criança é ativa na construção do seu conhecimento, valorizando o seu papel enquanto sujeito com as suas próprias experiências, opiniões e vontades. A criança é reconhecida como protagonista, com direito a voz ativa. É vista como um ser competente que, impreterivelmente, acrescenta algo ao grupo do qual faz parte, num processo de diferenciação pedagógica.
Todos os momentos são propícios à criação de vínculos, em que a criança cresce, evoluiu e aprende, tornando-se progressivamente mais autónoma. Estes princípios assumem-se nos diversos tempos que contemplam a vida da criança na escola, onde todas as atividades são consideradas atividades humanas e que acontecem em simultâneo, não se diferenciando os momentos de rotina dos momentos de atividades. Neste sentido, num determinado momento, várias propostas podem estar a decorrer ao mesmo tempo, apoiadas pelos adultos que acompanham o dia a dia na escola.
Todas as atividades e experiências, têm como ponto de partida os interesses e necessidades da criança, que surgem através de uma observação cuidada por parte do educador e famílias, das partilhas das dificuldades/ necessidades por eles sentidas ou das novidades que entram na sala, também pela mão das crianças, famílias e de toda a comunidade escolar. Reconhecendo a família como o primeiro e principal responsável pela educação dos seus filhos, torna-se imprescindível o respeito e valorização por uma relação de confiança, interajuda e compreensão para um processo de aprendizagem participada. Servimo-nos assim de vastos circuitos de comunicação para construir aprendizagens, mais do que significativas, com significado.